Situação das Famílias no Morro do Arthur (AEAMMVI - 24/02/2011)

Site da Associação dos Engenheiros e
Arquitetos do Médio Vale do Itajaí
24/02/2011

A pequena Sibele nasce num ginásio e sem berço


Márcia e a menina Sibele no ginásio do Pedro II.
Primeiros dias ela dormiu no chão, com a mãe.
Durante seus primeiros sete dias de vida, a menina Sibele teve que dormir com a mãe em um colchão estendido no chão do ginásio da Escola Municipal Pedro II no Bairro Progresso. Neste local foram amontoadas pela prefeitura de Blumenau, 13 famílias que a Defesa Civil tirou do Morro do Arthur no Distrito do Garcia. Nestas condições elas viveram durante 15 dias. Nesta sexta-feira, serão transferidas para outros locais que também não reúnem condições dignas: as moradias provisórias do Cesblu, numa transversal da Rua Amazonas e do Morro da Goiaba no Bairro Fortaleza.

- A necessidade de abrigo em segurança é uma necessidade animal. Aqueles que não possuem uma habitação segura, protegida das intempéries, salubre e digna, não têm atendida sequer sua condição animal, quanto mais humana - registra em meio a esta situação o presidente da AEAMVI Juliano Gonçalves. 

Nilza:
Nilza: "Querem se ver livre do povo"
Márcia Hilllehein, 37 anos deu à luz à menina Sibela há uma semana. Voltou do hospital e não tinha sequer uma cama para ela e um berço para o bebê. Depois de protesto de outras mães também desabrigadas, sensíveis ao problema, ela recebeu uma cama para poder acolher um pouco melhor a criança.

Ela e mais 12 famílias, são desabrigadas do Morro do Arthur, onde a Defesa Civil, há 15 dias interditou 74 casas que estão em situação de risco. Mas apenas 30 aceitaram sair. As que não foram para o abrigo, buscaram ajuda de amigos e parentes. Algumas deixaram Blumenau e voltaram para suas cidades de origem. 

- O que me chamou a atenção é que para as famílias que desejavam voltar para suas cidades eles prontamente colocaram caminhões para levar a mudança. É uma demonstração de que querem se ver livres do povo - disse Nilza Alves que enfrenta no abrigo uma gravidez de alto risco.


Dejanira:
Dejanira: "Arroz carunchado,
pão com mofo e diarréia nas crianças"
Já outra desabrigada Dejanira Campos, 30 anos se queixa das condições do abrigo, no Ginásio do Pedro II:

- O arroz que mandam para nós é carunchado, o pão está mofo, ficamos três dias sem açúcar, racionaram a carne. Cada um tinha direito a 100 gramas de carne por dia e cada um acabou comendo apenas 20 gramas por dia. As condições da alimentação provocaram diarréia nas crianças.

Ao todo, ficaram durante 15 dias, nessas condições, no ginásio, 60 pessoas, das quais 30 eram crianças. Além de Márcia que deu a luz, outras duas mulheres grávidas, dormiram durante este período em colchões, estendidos no chão do ginásio.

Famílias foram
Famílias foram "amontoadas"
no ginásio da Escola Pedro II
Para o presidente da AEAMVi Juliano Gonçalves, essas famílias não precisariam passar por essas condições sub-humanas se o poder público tivesse desenvolvido políticias públicas na área habitacional. Se tivesse criado um plano habitacional para atender as famílias instaladas em áreas de alto risco, com certeza a pequenina Sibele hoje teria não só um berço mas uma casa para iniciar a sua vida de forma segura e de forma digna.






FONTE: http://www.aeamvi.com.br/noticias-completa/a-pequena-sibele-nasce-num-ginasio-e-sem-berco