CLIPPING Jornal de SC – Edição nº 15941 - 22/11/2010 - Segunda-feira
TRABALHO ESCRAVO
SC só perde para Goiás e Pará
Estado flagrou mais de 200 casos análogos a escravidão
PONTE SERRADA - Santa Catarina é o terceiro Estado em número de trabalhadores libertados de trabalho em condições análogas a de escravidão em 2010. De acordo com dados do Ministério do Trabalho e Emprego, até 17 de setembro, foram libertados 228 trabalhadores no Estado. Somente Goiás, com 343, e Pará, com 338, tiveram número superior.
Um dos casos que mais chamou a atenção foi o de 12 trabalhadores que moravam num chiqueiro, em Ipumirim, Meio-Oeste catarinense. Eram panelas, roupas e alimentos no mesmo espaço de baias cheias de dejetos e até um cavalo. A situação foi flagrada em maio. Outros 15 trabalhadores foram libertados no início deste mês, em Xanxerê. Estes ainda não estão computados nos dados do Ministério do Trabalho e Emprego. Trabalhavam no corte de erva-mate e dormiam amontoados numa casa com cerca de 40 metros quadrados, com má ventilação. Tomavam banho em um rio, construíram um banheiro improvisado e canalizaram água de um córrego onde descobriram, dias depois, que havia uma vaca morta a menos de 50 metros do local. Além disso, não tinham equipamento de segurança nem assistência médica.
Sem opções, trabalhadores se submetem
Sem opções, trabalhadores se submetem
Numa ação conjunta do Ministério do Trabalho e Emprego, Ministério Público Federal e Polícia Federal os trabalhadores foram retirados do local, indenizados e retornaram para suas casas, em Ponte Serrada. O proprietário foi autuado e teve de pagar indenização para os trabalhadores.
De acordo com a coordenadora do Grupo Especial de Fiscalização Móvel do Ministério do Trabalho e Emprego, Luize Surkamp, a falta de escolaridade é um dos principais fatores deste tipo de submissão:
– Mais de 90% não têm a 5ª série.
Com isso, os trabalhadores não conseguem empregos melhores e acabam aceitando situações precárias. Tanto que nove pessoas que foram libertadas nos últimos dois anos são reincidentes. A maioria dos casos foi registrada em atividades de corte de erva-mate e reflorestamento. Luize acredita que o número de trabalhadores em condições análogas à de escravo é bem maior.
– No Sul não tem a cultura da denúncia – explicou.
DARCI DEBONA