Salve, Salve, Trabalhador Brasileiro!

Ana Russi - militante em Direitos Humanos
(Informativo do CDDH Blumenau - nº 1 - abril/2011)

Sejam bem-vindos à primeira edição do Boletim Informativo do CDDH. Poucos dias nos separam das comemorações ao Dia do Trabalhador. Todos os anos, esta época nos provoca a analisar a história das lutas sindicais e colocar na balança melhorias e problemas inerentes à classe. Muitas vezes, almejamos um resultado matemático, como se bastasse (e fosse possível) responder, em definitivo, à pergunta: melhorou ou piorou para nós, trabalhadores? 

Operários (1933) - Tarsila do Amaral
Pode-se dizer que muitas coisas melhoraram, sim, na vida do trabalhador brasileiro. Recentemente o Senado Federal aprovou mais um aumento de salário mínimo. Os programas governamentais tornaram maiores as nossas chances de adquirir uma casa própria. De algumas décadas para cá, o lar do trabalhador brasileiro foi incrementado com utensílios que antes não cabiam em seu orçamento; remédios que antigamente eram de impossível aquisição; e alimentos que outrora eram apenas um luxo de fim de semana. Fomos até execrados pela mídia por conquistar acessibilidade à aquisição do nosso próprio veículo automotivo! 

E as conquistas não se efetivaram apenas no campo econômico. Não podemos esquecer que a Licença Maternidade, o 13º salário, as Férias Remuneradas e a multa de 40% por rompimento de contrato de trabalho também fazem parte do rol de vitórias que abrilhantam ainda mais a força da união trabalhista. Abrilhantam, porque resultam de históricas movimentações da classe (dos detalhes históricos, encarregue-se a mídia, que só lembra e ovaciona as lutas sindicais nesta data). 

Lutamos tanto tempo por esses direitos que temos dificuldade de vislumbrar o que ainda precisa de reivindicação e luta: redução da carga horária, mais segurança no ambiente laboral, mais atenção da Justiça Trabalhista aos casos de assédio moral. A lista é densa, e inclui fato ainda mais relevante: os trabalhadores – sejam eles do campo, das indústrias, do comércio – ainda não recebem o correspondente ao real valor de seu trabalho. Ou seja: nas condições da sociedade capitalista, a luta do trabalhador é eterna, pois além das necessidades que já nos são familiares, outras vão surgindo no moto-contínuo da humanidade. 

Série "Trabalhadores" (1993) - Sebastião Salgado
Também precisamos saber que as melhorias hoje alcançadas não se concretizam uniformemente em todos os cantos do país. Existem muitas regiões onde o trabalho escravo, o trabalho infantil, a simples negação aos direitos elementares do trabalhador e outras formas igualmente execráveis de desrespeito continuam sendo cultivadas. Sem falar em temas que exigem uma configuração de discussão mais complexa, como a questão do trabalho informal e dos profissionais liberais. 

O Centro de Defesa dos Direitos Humanos – CDDH Blumenau está na luta, junto aos trabalhadores, pela conquista e pelo respeito a esses direitos. Por isso, escolhemos este tema para celebrar a distribuição do primeiro informativo eletrônico. Este correio eletrônico visa trazer o CDDH para a proximidade dos movimentos sociais, bem como relatar ações e mostrar para quais assuntos – dentre tantos que fazem parte da ampla temática que constitui os direitos humanos – nós estamos voltados, neste momento. 

Os trabalhadores constituem um entre tantos grupos que buscamos defender, em mais de uma década de luta. É, contudo, um grupo que se destaca, pela sua histórica capacidade de organização e reivindicação. Por isso, como homenagem às belas conquistas que se construíram com mobilização, debate e muita persistência dos trabalhadores, e pela proximidade da data de 1º de maio, sentimo-nos honrados em lançar a primeira edição do informativo do CDDH falando dos protagonistas das principais mudanças de nossa sociedade. 

Salve, salve, trabalhador brasileiro!