Sulfabril: Justiça divulga lista de credores (Jornal de SC - 02/04/2011)

Jornal de SC - Sábado - 02/04/2011 - N° 12217
SULFABRIL
Justiça divulga lista de credores
Após 12 anos da falência, indústria está mais próxima de iniciar processo de venda. Só depois disso poderá pagar os 2,3 mil ex-funcionários
Daniela Matthes

BLUMENAU - A angústia dos 2,3 mil ex-funcionários da Sulfabril está mais perto de chegar ao fim. Foi concluído e divulgado no Diário de Justiça de Santa Catarina o quadro geral de credores da empresa. Nele constam os nomes das pessoas físicas e jurídicas com os quais a Sulfabril tem dívidas e os valores a serem pagos.

No entanto, o pagamento dos credores só poderá ocorrer após a venda da empresa, que chegou a ser a segunda maior têxtil da América Latina e declarou falência em setembro de 1999. Só em dívidas trabalhistas, hoje o montante chegaria a R$ 31 milhões, segundo cálculos da Justiça. A conclusão do quadro era o trâmite que faltava para que fosse possível iniciar o processo de venda. Mas ainda não se sabe quando a negociação poderá ser iniciada.

– Depois da publicação do quadro geral de credores, o síndico da massa falida faz um relatório sobre a situação da empresa, emite um aviso que começará a liquidação e só então começam os atos para a venda – explica a juíza da 1ª Vara Cível da Comarca de Blumenau, Quitéria Tamanini Vieira Peres, responsável pelo caso.

Se o pagamento tivesse de ser efetuado hoje, a empresa teria disponível R$ 7 milhões para a quitação de parte das dívidas trabalhistas, que têm prioridade na fila.

A juíza Quitéria explica que era necessário levantar quem eram os credores e quanto era devido para cada um antes de dar início à liquidação. A demora se deu por conta do número de credores, que é de cerca de 2,6 mil. Para cada caso foi aberto um processo para habilitar a dívida.

Atualmente, empresa emprega 900 funcionários
Ainda não há estimativa atualizada do total devido, pois do quadro constam os valores à época da habilitação, que varia para cada caso. Quando for feito o pagamento, os valores serão atualizados conforme o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).

– Os primeiros da fila serão os funcionários. De acordo com a legislação, eles têm total preferência – aponta Celso Zipf, síndico da massa falida.


A juíza acredita que, se não houver mais recursos que possam travar o processo, ela poderá começar a programar e estruturar a venda. A empresa dependerá, também, do interesse de compradores.

A juíza salienta que a venda será tratada com muita cautela. O exemplo disso é o caso da TKR, que tentou fazer a compra antecipada da Sulfabril, mas não comprovou ter capacidade para assumir as dívidas e tocar a empresa, por isso teve a proposta indeferida. Quitéria acredita que haverá interessados na massa falida.

– Apesar de ter dificuldades, mais até que as concorrentes, por ter restrições de acesso ao crédito e até investimentos e divulgação das marcas, penso que haverá interessados na compra. As marcas ainda são muito fortes – avalia a juíza.

A reportagem do Santa procurou a presidente do Sindicato dos Trabalhadores Têxteis de Blumenau, Gaspar e Indaial (Sintrafite), Vivian Bertoldi, para falar sobre o assunto, mas até o fechamento desta edição ela não retornou as ligações.